Fichas e cadastros por mais completos que sejam, dizem pouco ou quase nada sobre nós.

Sempre imaginei como seria preencher dados que vão muito além do nome completo, estado civil, nacionalidade e filiação.

Imagine a possibilidade de ser atendido fraternalmente por alguém que previamente nos pergunta em sua ficha qual é nosso sonho, nossa maior inspiração, saudade e livro ou filme preferido?

O que está lá no “DNA do coração”, “carimbado na alma”, passa diariamente despercebido na rotina corrida, entre os bancos de dados e encaradas no espelho. 

Falamos muito rapidamente sobre quem somos, ou sobre o que desejamos ser, até para nós mesmos, e nas situações em que nós descrevemos somos cruéis e implacáveis.

Certa vez em uma reunião corporativa, fiz uma dinâmica sobre auto feedback, na qual todos deveriam, após olharem para si mesmo por 3 minutos no espelho, elencar as características, habilidades, conhecimentos e dons que acreditavam possuir e também os que acreditam não possuir, embora almejassem desenvolver, mas, na visão de cada um, não conseguiam.

A maioria fez uma lista imensa de itens que acreditavam não ter ou ser! Parece mesmo que é muito mais simples olhar para o que não temos, ou acreditamos não ter.

Olhei para minha lista interna e me juntei a estatística do grupo; e me dei conta de que eu também tinha uma infinidade de crenças sobre aquilo que eu considerava não ter ou ser.

Ao final da dinâmica me recordei da frase comum que diz que na maioria das vezes clamamos ou pedimos por aquilo que já está em nossas mãos, mas não enxergamos.

Realizar sonhos, cumprir propósitos está diretamente relacionado com a capacidade de não nos subjugarmos e com a forma de olharmos para dentro e nos reconhecermos capazes.

Abandonar a crença confortável de que não somos isto ou aquilo, de que nos falta este ou aquele pré-requisito, é fundamental para que possamos desenvolver nosso potencial, assim como falamos na coluna da semana passada.

Se tomarmos como verdade a falsa premissa de que não temos sorte, de que não possuímos recursos suficientes, de que nossa família não nos apoia, de que a cidade não oferece oportunidade, de que estar neste país é uma forma de azar geográfico e de que não há mais tempo para nada, certamente nos veremos diante de uma lista catastrófica, como um veredicto de fracasso. 

A ideia que possuímos sobre nós, a respeito daquilo que acreditamos não poder; não estar apto; não ser predestinado ou qualquer outra forma de auto sabotagem possível, de fato define o que iremos alcançar, define a qual nível iremos chegar, define a forma como iremos viver.

Assim como a máxima que nos alerta para a escolha de estar diante do oceano com um copo ou com o maior recipiente que encontrarmos; focar na lista de crenças que nos limita é sabotar a dádiva de poder ir além.

O diálogo interior positivo, precedido do silêncio e concentração pode nos transformar continuamente, assim como uma folha em branco que podemos pintar com cores vivas ou sombras. O talento está em cada um de nós e deve ser despertado todas as manhãs, como se fosse receita médica, em jejum, e antes de levantar.

Ao passo que canalizamos nossa energia vital para a capacidade milagrosa e abundante de sermos felizes e realizados, com essência e plenitude, nos direcionamos para a ação, para a busca contínua e não mais para a culpa, para a auto cobrança nociva e devastadora.

Cada um de nós recebeu dons e características únicas, como as digitais, a íris, o sorriso ou o DNA, portanto, está mais do que provado que se comparar com outra pessoa para fazer uma lista do que nos falta, é no mínimo uma péssima ideia.

O que nos impede de alcançar a prosperidade, de viver com gratidão e equilíbrio é justamente o círculo vicioso de achar que “não somos”, e por isso “não fazemos” e por consequência “nada teremos”.

A atitude que definirá a conquista do seu propósito não está relacionada a quem você é, mas sim naquilo que você acha que você não é!

Qual é a crença sabotadora que você vai abandonar hoje?

Quantos dons e talentos você está deixando de perceber em si mesmo?

Qual é o elogio que você merece receber hoje de si mesmo diante do espelho?

Daiane Machado 

Coach e Consultora Empresarial