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Qual é o seu potencial?

Boa parte das pessoas que já passaram por um processo de recrutamento ou seleção, seja na posição de candidato, seja na posição de contratante, se depararam com a pergunta clássica: 

Qual é o seu principal defeito?

Como uma faca de dois gumes, a resposta pode alavancar ou gerar dúvidas na hora da entrevista, e uma considerável parte de nós pensaria por alguns instantes para responder a esta pergunta.

Sou apaixonada pelo poder das perguntas, uma boa pergunta pode fazer com que tudo mude e se transforme, pode fazer com que as pessoas se movam, se observem e se descubram.

E assim como saber o defeito, é no mínimo crucial para boa parte das “entrevistas de emprego tradicionais”, saber qual é o seu potencial é definitivo para ser ”selecionado pela vida”, para ser alguém realizado, independentemente de qual seja o seu propósito.

O pior momento em que a palavra “potencial” pode surgir é certamente em nossa lápide!

Aqui jaz “Fulano” uma pessoa de grande potencial. Quantas histórias não vividas uma frase assim pode representar?

Uma hora não tão ruim, mas que nos traz alerta é quando recebemos frequentemente esta frase como “elogio”: “Você tem muito potencial! ” Se você fizesse isso, ou aquilo, você teria muito potencial.

Quantas pessoas passam a vida toda com um grande potencial, de forma latente, que nunca inaugura, que não brota e não sai da gaveta.

Sempre haverá um degrau a mais para galgarmos, o mundo está em constante movimento, e as informações surgem a todo instante; jamais estaremos no ápice, ou perfeitos e com todo potencial utilizado, no entanto “descansar” e viver sempre como um potencial realizador de algo é uma forma frustrante de desenhar nossa trajetória.

Marcos tem potencial para ser um grande cantor!

Fernanda tem potencial para ser uma excelente advogada!

Luís tem potencial para ser um grande chef !

Tereza tem potencial para ser uma empresária de sucesso!

Gabriel tem potencial para ser um pai maravilhoso!

Daniela tem potencial para ser uma professora brilhante…

Os anos passam e o potencial vai ficando velho junto com a gente, e sem ao menos percebermos, o tempo verbal muda e o “tem” vira “tinha”.

Tinha muito potencial… Tinha!

A pergunta sobre os defeitos e qualidades fica simples quando nos perguntamos sobre qual potencial não executamos ou usufruímos, sobre qual parte de nós está “dormente”, sobre qual capacidade não desenvolvemos, sobre qual vida deixamos de levar.

Para mim a pior definição de “julgamento após a morte” ou “tribunal do purgatório” é a possibilidade de encontrarmos com uma versão de nós mesmos, com todo potencial empregado, com todas as metas e propósitos cumpridos, com tudo que poderíamos ser e não fomos.

Imagino aqui com meus rabiscos e anotações que este seria, para mim, um momento doloroso e desesperador, ver em forma de mim mesma, todo o desperdício de vida, materializado e formatado com todos os dons e oportunidades que eu já possuía e não enxerguei, não fiz florescer, seja por medo, negligência, culpa ou desculpa.

Tenho a oportunidade de ter em meu portfólio da consultoria empresarial um cliente que de forma peculiar me agrega além de muitos fatores, um aprendizado único e especial, e que me despertou para esta análise que trago hoje aqui, nem de longe eu imaginava que desenvolver ações e estratégias para um Cemitério Parque, pudesse ser tão transformador para mim e para minha forma de ver a brevidade da vida e do tempo que temos disponível para sermos felizes.

Desde a primeira reunião, naquele espaço com área verde, conceito ecológico, sem aquelas  estruturas de cimento ou pedra verticais, que estamos acostumados a ver, e com um gramado verde e “plaquinhas”, e uma paz em forma de silêncio e claridade, eu me vi refletindo sobre aquela realidade que deixamos para o sétimo dia, aquela verdade tida como “inconveniente” que a priori achamos que nem é bom comentar, muito embora saibamos que não é possível “escapar” e que faz parte de nosso cotidiano, assim como se formar, casar e ter filhos.

Imaginei por um segundo, entre uma planilha e outra, entre uma anotação aqui e ali, entre um café e um tópico que todos nós estaremos ali um dia, em uma lápide, com nome, data inicial e final, e com todo nosso potencial (utilizado ou não), me dei conta então, que a morte é entre tantas coisas uma forma de olharmos para aquilo que fazemos e para aquilo que deixamos de fazer; a morte é uma ferramenta para valorizar a vida, e que deve ser sim comentada, lembrada e amplamente debatida.

Li uma certa vez que um cemitério guarda muitos sonhos, muitos projetos e muitas alegrias que ficaram para depois, e este fato estava ali, diante de mim, ocupando agora, a minha pauta de trabalho.

A vida tem uma forma única de ensinar a gente, de deixar sinais e alertas, a partir deste dia iniciei um ciclo positivo de questões internas sobre o que venho fazendo para não deixar morrer aquela menina que já fui e que mora aqui dentro, com bochechas rosadas, óculos fundo de garrafa, que queria aprender tudo, fazia muitas perguntas e acreditava que poderia vencer o mundo.

Dentre as perguntas que se tornaram recorrentes e que me fazem todos os dias olhar a vida como uma urgência, um presente e um milagre, vou deixar aqui para você as que povoam mais recentemente os meus rodapés de livro, minhas anotações e meu diário de bordo:

  • Tenho me tornado a “adulta “ que imaginava ser quando tinha sete anos?
  • Se eu visitasse a mim mesma, como uma viagem no tempo, e tivesse 98 anos, ao olhar para mim, eu sorriria e seria grata pelas escolhas que faço hoje com 35 anos?
  • Quando fizerem um discurso ou prece sobre quem fui, terei sido quem eu poderia ser?
  • Se o mundo acabasse daqui duas semanas ou amanhã as 17:00h eu teria uma lista muito grande de afazeres ou dizeres, não feitos e não ditos?
  • Minha lápide terá uma frase sobre todo potencial que eu tinha, ou terá uma menção de paz, legado e boas sementes florescidas?

São muitas as empresas, projetos, sonhos, propósitos, sociedades, relacionamentos, amizades, pessoas e vidas que nasceram com um grande potencial e que terminam como começaram, com este grande potencial e nada mais.

Hoje é um grande dia, com um potencial infinito para sermos a nossa melhor versão! Todos os dias são potenciais, e cabe a nós fazermos com que cada um deles se tornem realização.

O que você tem feito com o seu potencial?

Daiane Machado

Coach e Consultora Empresarial

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