Qual é a imperfeição que te faria vencer?

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Qual é a imperfeição que te faria vencer?

A gente inicia a redação de um e-mail e de repente interrompe ou desiste e é automaticamente perguntado se deseja salvar como rascunho. Projetos, declarações, perdões, propostas comerciais e desligamentos se transformam em rascunhos e latejam pertinentemente até que sejam disparados e cumpram seu intento.

A tese do doutorado, a música nova ou o cartão do buquê podem ficar por horas, dias, meses e vidas sem finalização e estreia, aguardando correções e melhorias que nunca chegam. Esta coluna mesmo, pelo crivo convencional deveria ser revista por no mínimo umas mil vezes, e certamente haveria um ponto a se melhorar, ou até mesmo o arquivamento. Desde que iniciei a produção dos textos, encontro uma imperfeição impressa quando o jornal salta pelo muro e releio o que escrevi. 

Nos acostumamos a estabelecer um padrão de perfeição para tudo, um modelo que na maioria das vezes é baseado no que alguém fez ou faz, e que geralmente não possui a mesma realidade que nós. Gavetas reais e imaginárias acumulam sonhos e ideias revolucionárias, a espera de um acabamento que não vem, que se adia, que se ramifica e que multiplica a expectativa.

Quantos vestidos são experimentados e dispensados porque uma pequena saliência ficou mais evidente do que devia e está diferente da capa da revista, e assim voltam para o cabide resignadamente em detrimento de outro que apenas cobrirá, sem o encanto de fazer o corpo e a alma sentirem – se plenos e reais, e mais uma noite de sábado passa, mais uma festa, mais um momento que se finda, sem a concretização do que poderia ter sido.  

Invenções e planos de negócios permanecem no escopo e na planta baixa, até que o ano passe, que a crise vá embora, que o momento certo chegue, que as taxas bancárias favoreçam ou que a hora divina se cumpra.

A perfeição será sempre um quesito abstrato, algo estabelecido por alguém que possui sua própria régua, e de modo geral cada um terá a sua e pronto. Muitas vezes tudo aquilo que olhamos ou temos nos parece vir com um atenuante, um fator que desabone e assim minimizamos a felicidade pelo que poderia ter sido e não foi.

É limitador crer que mais vale um pássaro na mão do que dois voando, e é sabotador desmerecer o pássaro que temos pois ele não é da cor que gostaríamos que fosse. 

Bert Hellinger, psicoterapeuta alemão, criador das Constelações Sistêmicas abordou a imperfeição como fator decisivo para a evolução, “ Só o imperfeito pode evoluir. O perfeito já se estagnou, cristalizou-se, portanto só o imperfeito tem futuro. ” 

É melhor feito que perfeito, e isso não quer dizer que devemos abrir mão da excelência, mas sim que a mesma chegará conforme a filosofia japonesa Kaizen, pela melhoria contínua, justamente pelo fazer e realizar contínuo.

É popular nas redes sociais a frase, que diz que só erra quem faz, quem não faz não erra! O conceito de perfeição é amplamente discutido e abordado e colocado em prática, e faz com que muitas pessoas desistam ou sintam-se constantemente frustradas.

Mario Sergio Cortella nos diz: “Faça o teu melhor na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda! “

Se Davi tivesse comparado seu tamanho ao de Golias não teríamos essa parábola para nos inspirar, e dizer em metáfora que aquele que deixa de buscar seu sonho ou tem medo de começar do começo, está olhando para o gigante.

O julgamento precede o conceito de imperfeição e é sabido que poucas coisas podem ser produzidas por pelo julgamento, haja vista que ele se mantém apenas na observação, mãos que fazem são melhores que lábios que julgam. Quem espera a perfeição para iniciar qualquer coisa, passa a acreditar que as uvas estão sempre verdes. 

É pela imperfeição, pelo o desejo de alcançar e realizar que estamos vivos e ativos, fazer é cuidar do jardim para que as borboletas venham, é acreditar que o que possuímos pode sim iniciar grandes e pequenas conquistas, com perseverança e continuidade.

Estamos no meio do ano, e muitos já declaram que este não está sendo um ano bom, pois temos eventos que atrapalham, a copa, a eleição, a greve etc., e, portanto, não é o momento ideal para investir e viver com propósito. Planejamento e cautela não fazem mal a ninguém, mas estagnação sim!

Antes de dizermos “que venha 2019!”; como solução para a perfeição de tempo de condições, devemos olhar para o nosso “Golias” de estimação, para aquilo nos faz sentir incapazes, fora do modelo idealizado e distante da perfeição. E vencer! Vencer é fazer!

Qual é o seu “Golias”?

Quantas conquistas você deixou de ter por medo de errar?

Qual é o conceito de perfeição que te paralisa?

De que maneira a imperfeição que você não abraça poderia te fazer vencer?

#MelhoriaContínua #Riscos #Crenças #Superação  

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