E se a sua vida fosse uma cartolina?

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E se a sua vida fosse uma cartolina?

A maioria das pessoas que nasceu antes dos anos noventa certamente já fez trabalho de escolha em papel almaço com capas em sulfite escritas de maneira artística “Trabalho de Português”, era uma época onde todo mundo era um pouco designer, com canetinhas, réguas, formas de letras, lantejoulas e glitter.

Além do trabalho manuscrito e da capa artisticamente produzida, era feita muitas vezes, uma versão em cartolina, para a apresentação à toda classe, e nessa etapa a criação e utilização de elementos tinha o céu como limite.

Era divertido fazer reuniões na casa dos amigos para desenvolver os trabalhos escolares e confeccionar a cartolina de apresentação, com todas as cores, recortes de revista, margens e criatividade!

A tecnologia substituiu o papel almaço, as capas manuscritas e as cartolinas, a impressora e o projetor tornaram tudo mais rápido e fácil. Obstante a nostalgia, esse tempo nos faz pensar em como a vida se assemelha a uma cartolina em branco, que recebemos “novinha em folha”, e vamos adicionando tudo ao longo de nossa jornada.

Certamente essa comparação simples nos remete a ideia de singularidade e melhor aproveitamento de espaço na cartolina que recebemos, e que não caberá tudo. E desta forma, é importante ter clareza do que realmente vale a pena colar e escrever em nossa vida!

Assim como no trabalho escolar, onde a cartolina era empunhada a toda a classe, Nossa vida será apresentada ao mundo, como um resultado final daquilo que escolhemos para compô-la, como algo que nos represente, nos defina, de modo a fazer diferença para as pessoas que amamos e convivemos.

Me recordo que em algumas situações as cartolinas na escola eram reutilizadas e o verso virava frente! Ninguém gostava, pois, o cheiro do papel novo e a superfície plana tornava tudo mais fácil e atrativo. Essa preferência se perpetua em nossa vida até hoje, haja vista que os recomeços e as transformações de situações desafiadoras em algo bonito e que valha a pena mostrar, nos parecem pesarosos e nada atrativos. É muito mais fácil produzir e realizar quando o ambiente favorece e as oportunidades são amplas, assim como os espaços da cartolina em branco!

Nossa “apresentação final” é o resultado daquilo que escolhemos e da nossa capacidade de reciclar e transformar as situações, o verso da cartolina pode ser um renascimento, uma nova chance, um ato de coragem, um reinicio, uma nova escolha, um novo ciclo. Uma vida nova, naquilo que pode ser, a partir das dobras e marcas que adquirimos ao longo de nossa trajetória, e que nos preparou para sermos quem somos, com as dores, amores, sensações, recortes, cores, escritas e experiências que vivenciamos.

A gente corta, recorta, escreve, apaga, ensaia e busca fazer o melhor possível da cartolina que recebemos, e ela tem a cara que gente dá, tem a forma que a gente define.

No dia da apresentação do trabalho a gente olhava a cartolina de alguns colegas da classe e as vezes tinha a impressão que estas estavam melhores, assim como as outras que a gente acreditava que nem se comparavam a nossa, aí vinha a nota da professora e nem sempre nossa avaliação inicial se consolidava, porque juntamente com a cartolina montada, tinha a apresentação do colega, que vazia valer cada traço ali empregado.

Também fazemos isto com as pessoas, a todo o tempo comparamos nossa vida com as dos outros, julgamos, avaliamos e damos uma nota, sem considerar o caminho e as condições com as quais cada cartolina foi preenchida, e mesmo sabendo que as pessoas também nos olham e nos denotam, não colocamos em prática a lição aprendida na escola, onde o mérito era obtido pelo todo, e nem sempre nosso prévio julgamento prevalecia. 

Quando a gente apresentava o trabalho e a cartolina não nos parecia estar conforme a nossa exigência interna, era praticamente impossível não demonstrar insegurança e dúvida, e a plateia tende a titubear quando não demonstramos paixão e aceitação sobre aquilo que fazemos. A cartolina ficava mais bonita e assertiva quando ela tinha uma apresentação entusiasmada!

Antes de nos preocuparmos em receber a nota dos outros é necessário estar em paz com a nota que damos para nós mesmos, com a percepção de que as colagens e recortes que fazemos todos os dias, vão moldando o nosso aprendizado e a nossa forma de nos apresentar para o mundo.

Quando temos cuidado e aprendemos a nos amar com nossos erros e acertos, com foco no propósito de tornar a nossa vida uma apresentação que valha a pena ser vista, é como o aluno que fazia o melhor possível e tinha cuidado ao enrolar a cartolina, preservando-a, para não amassar, pois ela era sua maior chance naquele dia, e não importava se a canetinha usada não era a que ele queria, ele tinha feito o seu melhor!

Faça as pazes com a sua cartolina, respeite e honre as escolhas que você fez até aqui, elas serviram para você aprender. Apresente os detalhes, as cores com paixão, pois fazem parte da sua história! Aprenda com as suas escolhas, o espaço para preencher é relativamente grande e podemos transformar cenários com perseverança e criatividade! E se lembre sempre que há o verso todo, para você recomeçar, se preciso for!

Quais as cores que você tem escolhido para sua vida!

Você tem honrado a sua história?

Qual a nota que você daria para a sua cartolina hoje?

#Clareza #Legado #Felicidade

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